As apresentações associadas a blogs como este tem por objeto mostrar aquilo que, supostamente, credencia o autor a expor suas ideias do modo que o faz. Muito embora minha educação formal seja relevante na construção do que estou por ser, a vivência que experimentei se me apresenta de maior importância.
Sou o quinto e último filho de um casal formado por um Oficial do Exército e sua mulher, sábia de nascença. Desde cedo aprendi a conviver com a escassez material, embora nada de essencial nos tenha faltado.
Aos 11 anos fui estudar no Colégio Militar de Belo Horizonte, cujo acesso se deu por meio de concurso público e ali permaneci por sete anos. Se algo puder justificar o orgulho, esse tempo é a justificativa. Aprendi a me virar, ser independente, disciplinado e leal. Também aprendi que nada nos é dado por acaso e firme nisso, dediquei-me aos estudos com afinco. Muitos me ensinaram com ser e alguns (poucos) como não ser.
Seduzido pelo raciocínio cartesiano, estudei Engenharia Elétrica na UFMG. Talvez fosse eu o único aluno a sonhar trabalhar com geração e transmissão em sistemas de grande potência. Tração elétrica e controles industriais nunca me despertaram interesse. Enquanto a realização do sonho se preparava, trabalhei na construção civil. Reconheci a importância de se aprender com os mais experientes ainda que lhes faltasse a formalidade do estudo. O sonho se realizou e fui trabalhar na Eletronorte, em Belém-PA, oportunidade que serviu para me mostrar que a iniciativa privada é a minha praia.
Após esse período, tive vontade de estudar finanças e ouvi de um colega de trabalho que, por ser eu engenheiro, aquilo não era para mim e se mostrou contrário à hipótese de o curso ser financiado pelo então meu empregador. Apresentado o desafio, cursei, às minhas custas, a especialização em Administração Financeira na Fundação Dom Cabral. Terminado o curso, enviei a esse colega uma cópia do certificado com uma dedicatória. Até ontem não recebi qualquer resposta.
Abandonei de vez a verdadeira engenharia e passei a exercer funções gerenciais em diversos seguimentos tais como instituição bancária internacional, construção civil, hospital e mineração. No banco, travei meu primeiro contato com a crueldade do mundo corporativo. Foi bruto mas aprendi muito. No hospital conheci a fragilidade da vida humana ao ver que, no interior de um CTI ou bloco cirúrgico, não há qualquer fator de discriminação. Homem, mulher, rico, pobre, preto, branco, amarelo, vermelho, religioso, ateu, heterossexual, homossexual, bonito, feio, novo, velho: todos padeciam da mesma angústia de se verem impotentes diante do inevitável da vida.
Quase por brincadeira, fui estudar Direito. A brincadeira ficou séria e, num determinado momento, tive que optar. Comecei tudo de novo. Voltei a ser estagiário. Enfrentei balcão de secretaria no forum, fila para xerox, atrasos em audiências. Adquiri assim a capacidade de sempre recomeçar. Aprendi, com tristeza, que direito e justiça são conceitos diversos e, no mais das vezes, se apresentam em lados opostos.
Já advogando, me foi a dada a oportunidade de lecionar em cursos preparatórios. A sala de aula era o meu mundo. Descobri o quanto é bom contribuir para o crescimento dos outros. Lecionei direito durante treze anos, em cursos preparatórios, de graduação, de extensão e de pós-graduação. Entendi as palavras do meu pai: “o estudo é um caminho que não cansa”. Tive alunos de todas as idades (entre 22 e 72). O convívio com a juventude me conservou jovem em espírito. Tudo que ensinei aos meus alunos está nos livros e é fácil aprender. Com eles aprendi verdadeiras lições de vida que me foram dadas de forma graciosa. Sou muito grato a todos e a cada um dos meus alunos.
A chama do estudo se reacendeu em mim. Passei a estudar os motivos do homem ser o que é, buscando entender o que fez do homem aquilo que ele é.
A convite de um amigo (na verdade, um verdadeiro irmão) voltei para o mundo corporativo com a missão de criar um sistema de Compliance cujo grande objetivo é tornar uma companhia sustentável por meio de um comportamento ético, baseado em valores bem definidos.
Bem no início dessa missão, entendi que o segredo seria entender os motivos pelos quais o homem é levado a se comportar de modo a contrariar a ética. Hoje tenho para mim que sem uma base sólida no campo humanista, qualquer sistema de Compliance estará fadado a ser conservado em qualquer lugar não muito nobre de um arquivo morto (morto mesmo, não inativo).
Por trabalhar numa companhia jovem, passei a observar o comportamento atual das gerências e sobre elas fazer reflexões, revisitando todas minhas experiências e buscando entender o que me levou a agir de determinada forma. Existe uma tentação de dizer que, se fosse possível, eu faria tudo diferente. Tolice! O tempo se vinga de tudo que é feito sem a sua observância. Seria impossível ser, há mais de 30 anos, o que eu imagino ser hoje.
De tudo isso, faço o seguinte resumo:
Estamos aqui de passagem, num processo de esperada evolução espiritual;
Ninguém aprende nada de graça; é bom estar atento para pagar pouco;
Estudar não tem fim;
Sempre é possível recomeçar;
Refletir transforma a informação em conhecimento;
Sou um ser em formação, um estudante, um eterno aprendiz;
Portanto, ainda não sou, estou!
Agora, já na SENIOR IDADE, quero dividir com você o que aprendi e aprender com você o que ainda me falta.
As apresentações associadas a blogs como este tem por objeto mostrar aquilo que, supostamente, credencia o autor a expor suas ideias do modo que o faz. Muito embora minha educação formal seja relevante na construção do que estou por ser, a vivência que experimentei se me apresenta de maior importância.
Sou o quinto e último filho de um casal formado por um Oficial do Exército e sua mulher, sábia de nascença. Desde cedo aprendi a conviver com a escassez material, embora nada de essencial nos tenha faltado.
Aos 11 anos fui estudar no Colégio Militar de Belo Horizonte, cujo acesso se deu por meio de concurso público e ali permaneci por sete anos. Se algo puder justificar o orgulho, esse tempo é a justificativa. Aprendi a me virar, ser independente, disciplinado e leal. Também aprendi que nada nos é dado por acaso e firme nisso, dediquei-me aos estudos com afinco. Muitos me ensinaram com ser e alguns (poucos) como não ser.
Seduzido pelo raciocínio cartesiano, estudei Engenharia Elétrica na UFMG. Talvez fosse eu o único aluno a sonhar trabalhar com geração e transmissão em sistemas de grande potência. Tração elétrica e controles industriais nunca me despertaram interesse. Enquanto a realização do sonho se preparava, trabalhei na construção civil. Reconheci a importância de se aprender com os mais experientes ainda que lhes faltasse a formalidade do estudo. O sonho se realizou e fui trabalhar na Eletronorte, em Belém-PA, oportunidade que serviu para me mostrar que a iniciativa privada é a minha praia.
Após esse período, tive vontade de estudar finanças e ouvi de um colega de trabalho que, por ser eu engenheiro, aquilo não era para mim e se mostrou contrário à hipótese de o curso ser financiado pelo então meu empregador. Apresentado o desafio, cursei, às minhas custas, a especialização em Administração Financeira na Fundação Dom Cabral. Terminado o curso, enviei a esse colega uma cópia do certificado com uma dedicatória. Até ontem não recebi qualquer resposta.
Abandonei de vez a verdadeira engenharia e passei a exercer funções gerenciais em diversos seguimentos tais como instituição bancária internacional, construção civil, hospital e mineração. No banco, travei meu primeiro contato com a crueldade do mundo corporativo. Foi bruto mas aprendi muito. No hospital conheci a fragilidade da vida humana ao ver que, no interior de um CTI ou bloco cirúrgico, não há qualquer fator de discriminação. Homem, mulher, rico, pobre, preto, branco, amarelo, vermelho, religioso, ateu, heterossexual, homossexual, bonito, feio, novo, velho: todos padeciam da mesma angústia de se verem impotentes diante do inevitável da vida.
Quase por brincadeira, fui estudar Direito. A brincadeira ficou séria e, num determinado momento, tive que optar. Comecei tudo de novo. Voltei a ser estagiário. Enfrentei balcão de secretaria no forum, fila para xerox, atrasos em audiências. Adquiri assim a capacidade de sempre recomeçar. Aprendi, com tristeza, que direito e justiça são conceitos diversos e, no mais das vezes, se apresentam em lados opostos.
Já advogando, me foi a dada a oportunidade de lecionar em cursos preparatórios. A sala de aula era o meu mundo. Descobri o quanto é bom contribuir para o crescimento dos outros. Lecionei direito durante treze anos, em cursos preparatórios, de graduação, de extensão e de pós-graduação. Entendi as palavras do meu pai: “o estudo é um caminho que não cansa”. Tive alunos de todas as idades (entre 22 e 72). O convívio com a juventude me conservou jovem em espírito. Tudo que ensinei aos meus alunos está nos livros e é fácil aprender. Com eles aprendi verdadeiras lições de vida que me foram dadas de forma graciosa. Sou muito grato a todos e a cada um dos meus alunos.
A chama do estudo se reacendeu em mim. Passei a estudar os motivos do homem ser o que é, buscando entender o que fez do homem aquilo que ele é.
A convite de um amigo (na verdade, um verdadeiro irmão) voltei para o mundo corporativo com a missão de criar um sistema de Compliance cujo grande objetivo é tornar uma companhia sustentável por meio de um comportamento ético, baseado em valores bem definidos.
Bem no início dessa missão, entendi que o segredo seria entender os motivos pelos quais o homem é levado a se comportar de modo a contrariar a ética. Hoje tenho para mim que sem uma base sólida no campo humanista, qualquer sistema de Compliance estará fadado a ser conservado em qualquer lugar não muito nobre de um arquivo morto (morto mesmo, não inativo).
Por trabalhar numa companhia jovem, passei a observar o comportamento atual das gerências e sobre elas fazer reflexões, revisitando todas minhas experiências e buscando entender o que me levou a agir de determinada forma. Existe uma tentação de dizer que, se fosse possível, eu faria tudo diferente. Tolice! O tempo se vinga de tudo que é feito sem a sua observância. Seria impossível ser, há mais de 30 anos, o que eu imagino ser hoje.
De tudo isso, faço o seguinte resumo:
Estamos aqui de passagem, num processo de esperada evolução espiritual;
Ninguém aprende nada de graça; é bom estar atento para pagar pouco;
Estudar não tem fim;
Sempre é possível recomeçar;
Refletir transforma a informação em conhecimento;
Sou um ser em formação, um estudante, um eterno aprendiz;
Portanto, ainda não sou, estou!
Agora, já na SENIOR IDADE, quero dividir com você o que aprendi e aprender com você o que ainda me falta.
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